Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, quero falar de um assunto que afeta a maioria absoluta de nós mulheres: a busca incansável por ideais de beleza inatingíveis. Quando você se olha no espelho, gosta do que vê? Já deixou de fazer algo por não estar se sentindo bonita? O tipo de conteúdo que consome nas redes sociais tem a ver com você ou com o estilo de vida que leva? Vamos fazer um teste rápido:

Pense em 3 coisas que mais gosta e 3 coisas que menos gosta no seu corpo.
[Pensou primeiro em quê? No que gosta ou no que não gosta?]

Pois é. Mas saiba que você não está sozinha. #estamosjuntas
Os números comprovam: dois terços das mulheres entre 15 e 60 anos de idade evitam atividades básicas da vida porque se sentem mal com sua aparência; mais de 92% das garotas declararam querer mudar pelo menos um aspecto físico; nove entre dez mulheres querem melhorar alguma coisa no corpo.

Esses são dados de uma pesquisa mundial desenvolvida pela Dove/Unilever e que retratam uma realidade cruel. Vítimas de um padrão de beleza imposto pela indústria e amplamente difundido através dos veículos de comunicação, publicidade e mídias sociais, as mulheres estão cada vez mais insatisfeitas com o próprio corpo e vulneráveis a diversos tipos de transtornos e disfunções.

Você já ouviu falar, por exemplo, da Distorção de Imagem Corporal? É um distúrbio definido pela incapacidade do sujeito de reconhecer adequadamente e de forma realista o tamanho e o formato do seu corpo. Apesar de estar geralmente associada a transtornos alimentares, como anorexia e bulimia nervosa ou compulsão alimentar [pauta para um próximo post], muitas mulheres convivem com a distorção de imagem corporal sem apresentarem quadros de transtorno alimentar.

A verdade é que vivemos em uma sociedade que cultua o belo. E isso não é de hoje. Para se ter uma ideia, já no período da pré-história, a escultura Mulher de Willendorf mostrava o corpo da mulher com formas robustas e arredondadas. Esse era o padrão de beleza da época porque passava a ideia de fertilidade. Já na Grécia Antiga, o conceito de beleza tinha relação com a ideia de simetria e proporção.

Nos períodos seguintes, corpos curvilíneos, sarados, esguios e/ou magros tiveram predominância no ideal de beleza feminino. A questão é que, por mais que o padrão de beleza tenha mudado ao longo dos tempos, a verdade é que sempre trouxe consequências perigosas para quem não se enquadra nele, principalmente após a revolução industrial e, sobretudo, para as mulheres.

Hoje em dia, com a ascensão das mídias sociais, essa visibilidade passou a ser instantânea e o apelo estético mais evidente. Diante disso, cabem alguns questionamentos: apesar de tantas conquistas no último século, por que ainda somos tão condicionadas aos padrões de beleza? Quais são as consequências também para crianças e adolescentes? E como ficam as mulheres que não se veem representadas nesses estereótipos?

Por que, afinal, é tão difícil aceitar a diversidade da beleza se somos diversos por natureza?

Meu objetivo aqui não é responder a essas perguntas, mas levantar um debate importante. Em meu dia a dia como médica endocrinologista, acompanho de perto a angústia constante de mulheres que buscam a qualquer custo se encaixarem em ideais de beleza inalcançáveis e que não condizem com o seu corpo ou a realidade na qual estão inseridas. Um sofrimento que poderia ser evitado com uma palavrinha poderosa: autoaceitação. #vamospraticar

A vida real não tem filtros e acontece fora das telas de celulares e computadores. Por que não investir mais tempo e energia em ser a sua melhor versão? Que tal se comparar menos e se conhecer mais? Nosso corpo carrega um pouco de tudo que vivemos, da nossa história, do que nos sustenta e nos mantém. Está na hora de olharmos com mais carinho pra ele, não acha? #migaseama

Pense nisso e, pro que precisar, conte comigo! <3