A perda da libido feminina pode representar problemas de saúde e alguns deles estão relacionados aos hormônios.
Gostaria de dizer a você que é muito comum receber, em meu consultório, mulheres se queixando sobre a diminuição ou ausência do desejo.
Outro ponto importante que gostaria de destacar é que essa situação pode ocorrer em várias fases da vida e as causas são as mais diversas.
Em especial, preparei esse post para explicar os principais problemas hormonais que podem impactar a sua vida e o seu apetite sexual. Continue lendo e confira.
Quais problemas hormonais impactam a libido feminina?
Excesso ou diminuição de hormônios podem causar sérios danos ao organismo e à vida da paciente, se não for tratado.
Um exemplo disso é o hirsutismo, o excesso de pelos no corpo feminino que, muitas vezes, pode aparecer no contexto do sobrepeso e da síndrome metabólica, trazendo consigo problemas de glicose e colesterol, mas também comprometendo a autoestima da mulher. Esse impacto na autoestima pode trazer desfechos negativos para a libido.
Outros problemas hormonais que podem impactar na vida sexual são:
Hipotireoidismo
Artigos e orientações do Departamento de Tireoide, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, são praticamente unânimes em afirmar que o hipotireoidismo pode interferir na função sexual masculina e feminina.
Quando não tratada, a doença pode impactar na libido, causar impotência e diminuir a fertilidade.
Menopausa
De acordo com um estudo publicado pelo Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a idade média para uma mulher entrar na menopausa no Brasil é de 48,1 anos.
Uma das características da menopausa é a redução da produção de testosterona e estrogênio, e a ausência de ambos afeta o prazer sexual, entre tantos outros problemas que traz para o físico e emocional da mulher.
Em especial, ela passa a apresentar secura vaginal e dores na penetração, fatores com grande papel na redução do apetite e excitação sexuais.
Nesse caso, a reposição hormonal pode ajudar, sendo recomendada caso não haja nenhuma contraindicação.
Transtorno do desejo sexual hipoativo
A falta de vontade de fazer sexo pode estar relacionada com o transtorno do desejo sexual hipoativo feminino, TDSH.
Ele é caracterizado por deficiência ou ausência de fantasias e de desejo por atividade sexual, sem outras doenças ou condições que justifiquem.
Algumas vezes, nesses casos, o endocrinologista pode indicar o uso de testosterona em doses compatíveis com o organismo feminino, avaliando se há uma melhora no desejo e na satisfação sexuais, principalmente para as mulheres que se encontram na menopausa. Outros medicamentos podem ajudar.
Após a gestação
O puerpério, período conhecido como quarentena ou resguardo é o mais crítico em relação à diminuição da libido feminina.
Isso acontece por vários motivos e entre eles costumo destacar que as mudanças hormonais durante a gravidez e amamentação influem na redução ou ausência do desejo libidinoso.
Um detalhe importante é que muitas mulheres, por falta de adaptação ou dificuldade de acesso a outros meios contraceptivos, precisam usar métodos que interferem negativamente na vida sexual, durante o período de amamentação.
Um exemplo disso são as pílulas anticoncepcionais hormonais tradicionais.
Por outro lado, é muito importante você saber que o problema não está relacionado apenas a essas questões hormonais ou outras situações de saúde.
Voltando à mulher que deu à luz, precisamos considerar também que a nova rotina, aliada ao cansaço, em virtude das noites sem dormir e dos cuidados voltados ao bebê, também podem refletir na falta de vontade de fazer sexo.
Sem contar que muitas delas demoram a voltar ao peso de antes e a se reconhecer no novo corpo, e isso geralmente baixa a autoestima e acaba impactando na vida do casal.
Nessa hora, o importante é reconhecer as mudanças normais de cada período, conversar com o parceiro e se permitir viver um pouco dessas experiências.
Aos poucos, você vai perceber que a sua vida sexual assume uma maior necessidade e importância.
Mas, mesmo dentro do “normal”, o endocrinologista precisa avaliar se existem outras causas para esta queixa.
Quando é preciso procurar um endocrinologista ao notar baixa libido feminina?
Como você pode perceber, são vários os motivos para a diminuição da libido feminina.
Por outro lado, é muito importante você saber que essa falta de apetite não está relacionada apenas a problemas hormonais ou outras doenças.
O desejo sexual ou a falta dele tem relação com o momento do casal, com a autoestima, valores, aprendizados e com o estilo de vida de cada um dos parceiros.
Em relação à diminuição do apetite, muitas vezes o problema está relacionado a uma fase da vida.
O olhar e a avaliação do especialista pode ajudar você e o seu parceiro a passarem por essa fase com mais segurança.
De forma geral, posso dizer a você que a avaliação médica é sempre bem-vinda e necessária quando a queixa se torna persistente e não apenas momentânea.
Que doenças podem está relacionadas com a falta de desejo sexual?
Isabela, as possibilidades são diversas, desde problemas hormonais da tireoide, das gônadas ou até mesmo questões emocinais e transtornos psiquiátricos.
E verdade que com o uso de hormônios pode aumentar o risco de câncer de mama?
Janine, depende de qual hormônio você esteja falando. A reposição hormonal na menopausa aumenta discretamente o risco de câncer de mama, mas com algumas variáveis que trazem menor ou maior risco. Isso é discutido com cada paciente em particular.