O mês de setembro, já conhecido como Setembro Amarelo, começou há alguns dias e entramos na jornada de prevenção do suicídio. Aqui no blog eu sempre falo sobre a importância da saúde mental e reforço que ela faz parte de um dos pilares para garantir uma vida, de fato, mais saudável.
A saúde mental deve ser uma prioridade!
Em 2020, o Setembro Amarelo chegou em um momento difícil, de grandes mudanças em todo o mundo, em que a saúde é o foco, mas os casos de suicídio e depressão seguem preocupantes. Ou seja, essa ainda é uma realidade de muitos brasileiros, principalmente nesse contexto de pandemia e todas as dificuldades que ela nos trouxe.
Para bater um papo sobre a conscientização e essa jornada de amor pela vida, que não é válida apenas para Setembro e sim o ano inteiro, convidei o meu amigo Filipe Teodoro Gurgel, que atua como psiquiatra aqui na cidade de Natal/RN, para esclarecer algumas dúvidas com vocês sobre suicídio e Setembro Amarelo:
Há muito tabu e preconceito em relação ao suicídio. No que isso prejudica a nossa sociedade?
O maior prejuízo à sociedade causado pelo tabu e preconceito em relação ao suicídio é a dificuldade de prevenção. Ou seja, a falsa ideia de que o pensamento de suicídio é um ato vergonhoso e que não deve ser mencionado impede, muitas vezes, as pessoas acometidas de buscar ajuda; e, quando elas conseguem se abrir, com frequência encontram um ouvinte pouco qualificado para aliviar o seu sofrimento. Como resultado, temos índices elevados de suicídio em nossa sociedade.
Quais cuidados precisamos ter ao falar de suicídio?
Ao falar de suicídio precisamos deixar bem claro que acabar com a própria vida não é algo natural e nem valoroso, mas que os pensamentos suicidas podem surgir naturalmente como consequência de um adoecimento mental, e que, com o tratamento, tais pensamentos tendem a desaparecer.
É preciso ainda ter cuidado em não perpetuar outros mitos, como o de que as pessoas que tentam se matar querem apenas chamar a atenção (significa, na verdade, que a pessoa está doente e precisa de tratamento); que falar em suicídio com alguém pode “dar a ideia” e aumentar o risco (falar em suicídio pode, na verdade, aliviar quem está sofrendo e quer ajuda); ou que a mídia não deve se expressar sobre o tema (a mídia tem, de fato, um dever social de esclarecimento e prevenção).
Quem são as pessoas sob maior risco de cometer suicídio? Como identificá-las?
As pessoas sob maior risco de cometer suicídio são aquelas acometidas de transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar, dependência de álcool e outras drogas, esquizofrenia e transtornos de personalidade.
Além disso, pacientes que já tentaram suicídio anteriormente têm maior chance de uma nova tentativa. Outros fatores, como dificuldades psicossociais e estar acometido por doenças clínicas graves e crônicas (como câncer e HIV, por exemplo) também aumentam a susceptibilidade.
Ou seja, devemos estar alertas com aquelas pessoas que demonstrem mudanças recentes de comportamento, discurso negativo, pessimista, de desesperança, que tenham passado por graves perdas recentes, de personalidade com impulsividade, com oscilações de humor, baixa resiliência e que façam uso abusivo de álcool ou drogas.
Como podemos ajudar uma pessoa com pensamentos suicidas?
O principal é estar aberto a ouvir, sem julgar. Falar dos motivos, dos estressores pelos quais vem passando, dos sintomas que vem sentindo nos últimos dias, por exemplo, já podem ser fatores de alívio para que tem ideias de suicídio.
Além disso, demonstrar empatia sobre o sofrimento que o outro vem passando é essencial para que ele possa aceitar ajuda e, então, ser direcionado para um profissional que possa tratá-lo. Portanto, convença e leve a pessoa para um atendimento especializado, não a deixe sozinha.
Vemos o suicídio acometer pessoas cada vez mais jovens. O que está por trás disso?
O aumento do suicídio entre as pessoas mais jovens significa, na verdade, um aumento da incidência de transtornos mentais nessa faixa etária. Sendo assim, os principais fatores responsáveis por esse aumento são, na verdade, incertos.
Particularmente acredito que a sociedade passou por mudanças muito rápidas no estilo de vida nos últimos anos, com o avanço tecnológico, mas não houve tempo para que o cérebro se adaptasse, o que leva ao aumento do adoecimento mental. Portanto, como o acesso ao tratamento ainda é muito baixo, temos como resultado o aumento da taxa de suicídio.
Existe algo que seja protetor contra o suicídio?
Alguns fatores são identificados como sendo possíveis protetores contra o suicídio: autoestima elevada, bom suporte familiar, religiosidade (independentemente do tipo de crença), estar empregado, ter filhos em casa.
Como as pessoas que estão em sofrimento e pensamentos suicidas podem conseguir ajuda? Existe algum canal para isso?
Existem vários canais para conseguir ajuda. Um canal imediato pode ser ligar para o SAMU, através do número 192, onde encontrará um profissional de saúde que poderá fazer o atendimento inicial e conduzir a um serviço de emergência. Sendo assim, estão ainda preparados para prestar atendimento e acompanhamento as unidades básicas de saúde e UPAS (procurar a mais próxima de casa), além dos serviços de emergências psiquiátricas. Além disso, outra opção é ligar para o centro de valorização da vida, através do número 188, onde a pessoa pode receber um suporte emocional e orientações.
O que é o Setembro Amarelo?
É uma campanha nacional de prevenção ao suicídio e valorização da vida. O Setembro Amarelo tem o objetivo de conscientizar sobre a importância da saúde mental!
Quais cuidados precisamos ter ao falar de suicídio?
Ao falar de suicídio precisamos deixar bem claro que acabar com a própria vida não é algo natural e nem valoroso, mas que os pensamentos suicidas podem surgir naturalmente como consequência de um adoecimento mental, e que, com o tratamento, tais pensamentos tendem a desaparecer.
Quais são alguns mitos em torno do tema suicídio?
Alguns mitos são o de que as pessoas que tentam se matar querem apenas chamar a atenção (significa, na verdade, que a pessoa está doente e precisa de tratamento); que falar em suicídio com alguém pode “dar a ideia” e aumentar o risco (falar em suicídio pode, na verdade, aliviar quem está sofrendo e quer ajuda); ou que a mídia não deve se expressar sobre o tema (a mídia tem, de fato, um dever social de esclarecimento e prevenção).
Como conseguir ajuda no combate ao suicídio?
Existem vários canais para conseguir ajuda. Um canal imediato pode ser ligar para o SAMU, através do número 192, onde encontrará um profissional de saúde preparado. É possível ligar também para o centro de valorização da vida, através do número 188.
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